Se me perguntarem como é a maternidade... posso responder que é das coisas que mais me preenche, que é a forma mais pura de amor. Mas isso é bastante redutor. A maternidade é um mundo. Onde cabem várias formas de parentalidade e diferentes aprendizagens. Onde crescemos com os nossos filhos e conhecemos um diferente tipo de medo. Ele anda sempre de mãos dadas com a maternidade. Medo de não sermos capazes de os preparar para o mundo e para as adversidades da vida; medo dos preconceitos de uma sociedade que ainda não aceita a diferença e não respeita a individualidade de cada um; medo dos predadores e da violência que ceifa vidas e cria traumas; medo das relações tóxicas e dos efeitos que podem provocar na saúde física e mental; medo que eles não tenham as ferramentas suficientes para enfrentar os obstáculos que, inevitavelmente, se lhes vão apresentar; medo que eles não se consigam sentir realizados, cumprir os seus sonhos e alcançar os seus objectivos. Medo de os perder. O desafio maior é aprender a viver com esse medo.
Bitaites da Cy
sexta-feira, 1 de março de 2024
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Da resiliência
Em adolescente, quando me meti na relação mais tóxica que já tive, que me deixou com alguns danos emocionais e problemas de confiança, senti que tinha sido o meu momento mais baixo. Uns anos depois, quando conheci o pai do meu filho, recuperei a autoestima que sempre tive, até nos separarmos, altura em que pensei que já não sabia estar sozinha e que não ia conseguir lidar com a separação. Até descobrir que estava grávida e a vinda do meu filho ter mudado isso. O nascimento do Leo foi das melhores coisas que me aconteceu, descobri que gosto muito de ser mãe e recuperei a minha autoconfiança. Foi o meu filho que me deu força para tudo e vê-lo crescer sempre foi algo que me preencheu muito. Uns anos antes de ter a Alice, quando passei pelo aborto, senti que tinha sido, depois de tudo, o acontecimento mais traumático da minha vida. Foi complicado, apanhei um médico completamente insensível no hospital, tive dores insuportáveis, sangrei imenso, sofri muito com a perda de um filho que tinha planeado e fui-me muito abaixo. Mas consegui recuperar e voltar a desejar ser mãe. Na gravidez da Alice, puseram a hipótese de ela ter síndrome de down e tive que fazer uma amniocentese. Foi uma angústia que, felizmente passou rapidamente, quando o resultado chegou e, não só nos disseram que estava tudo bem, como também o sexo da criança. O nascimento da minha filha foi mais uma lufada de ar fresco, que me fez transbordar de amor, por ela, pela nossa família, pelo carinho que o irmão mostrava para com ela. Dois anos depois, quando me disseram que havia a possibilidade de ela estar no espectro do autismo, caiu-me tudo novamente, por não fazer ideia como lidar. Porém, aceitei que ela precisava de ajuda, procurei e fiz tudo o que era preciso para ela ter o acompanhamento necessário. Veio a revelar-se que não era tão severo como julgavam e que era um atraso global no desenvolvimento, tendo as terapias e a escolinha feito maravilhas pelo desenvolvimento dela.
Apesar de todos os momentos mais baixos da minha vida, consegui ultrapassá-los todos, considero-me uma pessoa resiliente, segura de si, bem resolvida, optimista e capaz de lidar com as adversidades. Tudo características de que me orgulho em mim. Porém, em setembro, quando o meu filho tentou tirar a própria vida, questionei tudo. Foi, de longe, a pior coisa pela qual passei. Acredito, no fundo, que tal como tudo o resto, irei superar. Mas, caraças, como tem sido difícil... Ninguém nos prepara para isto. Não há nada que nos faça sentir mais impotentes do que a possibilidade de perder um filho. Vivo com medo o tempo todo. Não desejo isto a ninguém. Cuidem da vossa saúde mental e procurem sinais nas pessoas que vos rodeiam. A depressão é uma merda muitas vezes invisível, que pode causar muitos estragos.
sábado, 17 de fevereiro de 2024
Voltei?
Provavelmente estarei mais por aqui nos próximos tempos. Não sei se terei alguém a ler-me ainda, mas na verdade o meu regresso deve-se mais à minha necessidade de escrever do que de ser lida. Ainda assim, se ainda estiver alguém desse lado, obrigada. Estou de volta.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
A minha relação com o peso
Exactamente um mês depois do último post (sou péssima com a assiduidade por estas bandas), cá estou para vos falar um pouco deste tema. Toda minha vida fui uma miúda gordinha e, felizmente, sempre bem resolvida. Nunca fui complexada, nunca deixei de usar a roupa de que gostava, nem nunca me preocupei com comentários alheios. Nunca deixei de ter amigos ou namorados por causa disso. Nunca deixei de dançar numa discoteca por ter vergonha que olhassem para mim. E sempre aceitei bem as minhas curvas.
Dito isto, também sempre tive perfeita noção de que o excesso de peso é prejudicial à saúde. O meu peso sempre oscilou muito, já tive fases em que estava mais magra, outras em que estava mais gorda. Há anos, ainda na adolescência, fiz uma dieta acompanhada por uma nutricionista, por ter decidido que talvez fosse bom para a minha saúde naquele momento perder algum peso. Perdi 15kg. Depois, como acontece frequentemente, deixei de me preocupar com a alimentação novamente, sempre fui muito gulosa, e com o passar dos anos, gradualmente, fui ganhando peso novamente.
Já adulta, já mãe do meu primeiro filho, devia ter uns 26 anos talvez, decidi que devia, mais uma vez, descer o número na balança. Nessa altura, não recorri a nenhuma nutricionista, simplesmente, durante algum tempo, controlei a minha alimentação e também foi quando comecei a fazer exercício. Sempre ODIEI exercício, sempre fui preguiçosa, mas contrariei essa tendência, começando pela zumba, já que dançar sempre foi algo de que gostei. Com o tempo, comecei a fazer outros treinos. Perdi 12kg.
Entretanto, voltei a deixar de me preocupar com isso quando engravidei e sofri um aborto e não quis saber mais de dietas nem voltei a treinar durante muito tempo. Engravidei da Alice já com bastante excesso de peso e durante a gravidez engordei mais do que devia. Depois, veio todo o cansaço e trabalho que um recém-nascido dá e, posteriormente, percebi que ela era uma criança que dava mesmo muito que fazer e a minha vontade de fazer alguma coisa em relação ao peso continuou nula.
Comecei a ter alguns problemas pessoais na minha vida e no meu casamento, entrei numa letargia em que simplesmente deixei de me preocupar com tudo o que tivesse a ver comigo para, basicamente, viver para a minha filha. Até atingir um ponto crítico, em que resolvi que isso tinha que mudar tudo para bem da minha saúde mental e da minha relação. Foi quando fiz algumas mudanças na minha vida e a preocupação com o peso foi uma delas. No início do verão, iniciei uma dieta com uma nutricionista, voltei a treinar regularmente e, 6 meses volvidos, tenho menos 20kg.
Já tive que mandar apertar alguns vestidos, já desci tamanhos e perdi volume em várias áreas. Se é fácil? Não, não é, não vos vou enganar. 😂 E podia ter perdido mais se seguisse sempre a dieta à risca, mas vou dando umas facadinhas. E, ainda assim, estou satisfeita com o meu percurso até aqui. Estou mais leve, mais flexível, tenho mais facilidade em encontrar roupa e consigo treinar melhor. Continuo com excesso de peso e com trabalho pela frente, mas tenho orgulho do que já alcancei. 2020 foi um ano de merda em vários aspectos, mas deu-me algo de positivo.
sábado, 28 de novembro de 2020
Séries \\ Supernatural
Primeiro episódio da primeira temporada |
Último episódio da última temporada (com as mesmas roupas 😉) |
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
O desenvolvimento da Alice
Antes de completar os dois anos, a Alice foi encaminhada para a consulta de desenvolvimento, principalmente porque não dizia uma única palavra. Lá e após mil perguntas, o que a médica me disse foi que, não sendo taxativo, os sinais apontavam para perturbação do espectro do autismo.
O que se seguiu foi pesquisar sobre sinais que eu nem sabia que podiam alertar para isso até ir àquela consulta, falar com mães de meninos no espectro, entender o porquê de alguns comportamentos da minha filha e esperar pelo contacto da equipa de Intervenção Precoce.
Neste momento, ela está a fazer terapia ocupacional dois dias por semana, um com a terapeuta da IP e outra num centro de desenvolvimento aqui da zona. Ambas me dizem o que eu também achava, que ela não tem nada severo e que pode ser "apenas" um atraso no desenvolvimento.
Efectivamente, noto alguma evolução nela, por conta do trabalho que tem feito com as terapeutas e comigo, que vou seguindo as indicações delas. Não estou a trabalhar e se, por um lado, isso me traz dissabores, porque preciso de um ordenado ao fim do mês, por outro, pelo menos, permite-me acompanhar a minha filha. Infelizmente, não tenho folga financeira para poder abdicar da procura de emprego para me dedicar totalmente a ela, mas faço o que posso.
Entendi que ela precisa de rotinas mais restritas do que as outras crianças e que fugir dessas mesmas rotinas altera automaticamente o comportamento dela. Ao contrário do meu filho mais velho, que ia comigo para todo o lado a qualquer hora, adaptando-se relativamente bem a alterações na vida dele, ela precisa é que nós nos adaptemos totalmente a ela para uma vivência harmoniosa. Da mesma forma, não a deixo tantas vezes com os meus pais (como fazia com o Leo) e zero vezes com os meus sogros (com estes últimos, nem ela quer ficar) por todo o trabalho e dedicação que ela requer.
Tudo com ela é puxado a ferros e muito trabalhado e o que antes pensava ser só preguiça, agora entendo que pode ser um pouco mais do que isso e que tem mesmo que ser assim. O que vem naturalmente para as outras crianças, com ela tem que ser ensinado. E trabalhando a relutância dela.
Aceitei com serenidade que a minha filha não tem a mesma facilidade em certas coisas do que os outros meninos e que o desenvolvimento dela não é igual ao das outras crianças. Cada pequena conquista sua é uma grande vitória para nós, que festejamos com entusiasmo. E está tudo bem.
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
Bebé arco-íris
Em 2016, perdi um bebé e jurei que não ia voltar a engravidar. Foi doloroso e fez-me perder toda a vontade de voltar a tentar. Decidi que não iria ter mais filhos. Um ano depois, mudei de ideias. E a minha bebé arco-íris completou dois aninhos de existência no passado dia 25 de outubro. A minha Alice vive, realmente, no seu próprio País das Maravilhas. É uma bebé especial, que enche os nossos dias de cor desde o primeiro dia. Que nos desafia e nos dá conta do juízo, mas que me derrete com um sorriso ou uma gargalhada. A minha vida mudou completamente depois do nascimento dela e eu não mudaria uma vírgula.💕
Da maternidade
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